sábado, 29 de janeiro de 2011

A Imitação de Cristo

A Imitação de Cristo é uma obra do século XV e presume-se que seu autor foi o venerável Tomás de Kempis. Considerada como o quinto evangelho sua característica principal é a santificação das almas através da disciplina rígida espiritual. Tão rígida que, quando lida hoje em dia parece agressiva de tão oposta aos padrões modernos em função de este ser um século de trevas, dominado pela iniquidade, tamanha é a naturalidade como se encaram os maiores crimes contra a alma humana!

Por isso tudo é que a recomendo enfáticamente àqueles que desejam um crescimento espiritual vertical.

Vamos então ao primeiro capítulo que considero chave para mostrar por que este livrinho nos exige tanta disciplina espiritual.

Livro Primeiro: Avisos úteis para a vida espiritual

Avisos? Mas por que avisos? Vida espiritual não é só ir a missa, ouvir o padre falar, comungar e rezar o terço? Não, acredito que não. Isso é essencial, mas para se viver o espírito, aproximando-se de Deus e apartando-se do mundo é preciso mais! E logo neste primeiro capítulo já temos a resposta do que a mais precisamos!

Capítulo primeiro: Da Imitação de Cristo e do desprezo de todas as vaidades do mundo

Quem me segue não anda nas trevas, diz o Senhor (Jo, 8,12). São essas palavras de Cristo pelas quais somos advertidos que imitemos sua vida e seus costumes, se verdadeiramente queremos ser iluminados e livres de toda a cegueira de coração. Seja, pois, nosso principal emprenho meditar sobre a vida de Jesus Cristo.

A doutrina de Cristo é mais excelente que a de todos os santos, e quem tiver seu espírito encontrará nela um maná escondido. Sucede, porém, que muitos, embora ouçam frequentemente o Evangelho, sentem nele pouco enlevo: é que não possuem o espírito de Cristo. Quem quiser compreender e saborear plenamente as palavras de Cristo, é-lhe preciso que procure conformar à dele toda a sua vida.

Que te aproveitas discutir sabiamente sobre a Santíssima Trindade se não és humilde, desagradando, assim, a essa mesma trindade? Na verdade não são palavras elevadas que fazem o homem justo; mas é a vida virtuosa que o torna agradável a Deus. Prefiro sentir a contrição dentro de minha alma a saber definí-la.
Se soubesses de cor toda a Bíblia e as sentenças de todos os filósofos, de que te serviria tudo isso sem a caridade e a graça de Deus? Vaidade das vaidades e tudo é vaidade (Ecle 1,2) senão amar a Deus e só a Ele servir! A suprema sabedoria é esta: pelo desprezo do mundo tender ao reino dos céus.
Seguir isso já me parece mais duro que correr trinta quilômetros!
O autor prossegue:

Vaidade é, pois, buscar riquezas perecedoras e confiar nelas. Vaidade é também ambicionar honras e desejar posição elevada. Vaidade, seguir os apetites da carne e desejar aquilo pelo que, depois, serás gravemente castigado. Vaidade desejar longa vida e, entretanto, descuidar de que seja boa. Vaidade, só atender a vida presente sem providenciar para a futura. Vaidade amar o que passa tão rapidamente, e não buscar, pressuroso, a felicidade que sempre dura.

Lembra-te amiudo do provérbio: os olhos não se cansam de ver, nem os ouvidos de ouvir (Ecle 1,8). Portanto, procura desapegar seu coração do amor às coisa visíveis e afeiçoa-lo às coisas invisíveis: pois aqueles que satisfazem seus apetites sensuais mancham a consciência e perdem a graça de Deus.

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