domingo, 16 de setembro de 2012

Maria Santíssima, modelo de vida solitária e recolhida!

Acredito que muitos de vocês conheçam o site "Mulher Católica" (www.mulhercatolica.org) de Melissa Bergonso. Aos que não conhecem, recomendo uma visita para que possam conferir matérias de alta qualidade e espiritualidade, todas relacionadas ao quotidiano da mulher católica do século XXI.

O artigo abaixo pertence à linha da espiritualidade mariana, tema com o qual encontro muita empatia. Peço que confiram a matéria na íntegra pelo link http://www.mulhercatolica.org/2012/10/maria-santissima-modelo-da-vida-solitaria-recolhida.html

Melissa me apresentou - através de seu site - a Santo Afonso Maria de Ligório (eu nunca tinha lido nada a respeito dele antes de ler alguns artigos dela) e me impressionei muito com a profundidade de seus textos. Pois neste texto - conforme poderão conferir na postagem da senhora Bergonso - Santo Afonso fala de algo que muitas vezes nos esquecemos em Nossa Senhora: sua capacidade de se recolher através da solidão para um maior contato com Deus.

"Quem é esta que sobe do deserto... firmada sobre o seu amado?" diz Santo Afonso na abertura do texto postado no Mulher Católica. Pois esta é Maria que - nos dizeres de Santo Afonso - "amava tanto a solidão, que, sendo ainda criança de três anos apenas deixou seus pais e foi encerrar-se no templo."

Realmente, essa afirmação reflete o fato histórico da vida extraordinária de Nossa Senhora. Quando li "Vida, Paixão e Glorificação do Cordeiro de Deus" da Bem-Aventurada Anna Catharina Emmerich - uma das maiores místicas Católicas que se viu - encontrei logo no primeiro capítulo, no item 4. Infância de Nossa Senhora e seu desposório com São José o seguinte: "Maria tinha três anos e três meses, quando fez o voto de associar-se às virgens santas, que se dedicavam ao serviço no Templo." Nossos irmãos beiçudos - os protestantes - talvez por desconhecer fatos extraordinários como este não compreendem a grandeza da alma da Santíssima Virgem!

Em seu belíssimo artigo nossa caríssima Melissa também lembra do episódio do dilúvio, onde foi mandado por Noé para fora da arca um corvo, que não retornou. Posteriormente foi igualmente enviado uma pomba que - sem pousar em parte alguma - retornou com uma folha. Pois Santo Afonso através de uma comparação muito feliz coloca a figura do corvo como alguém que "se detém infelizmente a gozar os bens terrestres" (no caso Santo Afonso chega a ser um pouco tétrico ao colocar o corvo como alguém que se deparou a "comer cadáveres"). Em contrapartida, a figura da pomba nos leva a alguém que não se detém (ou se perde) em bens terrestres. No caso, Nossa Senhora seria 'a pomba celeste' e que reconhece em Deus o nosso único bem, a nossa única esperança.

Outro ponto do artigo que quero ressaltar é sobre as orações jaculatórias. Essas pequeninas orações que aprendemos quando crianças, principalmente entre as dezenas do terço, são exaltadas como uma maneira de se amar o silêncio e de se conservar sempre na presença de Deus por elas.

Aqui porém, não posso me furtar a reproduzir fielmente dois parágrafos e que são, na minha forma de ver, o fecho de ouro do artigo. A partir do exemplo de Nossa Senhora - repleto de enorme densidade espiritual - somos exortados a seguir três palavras: 'Fuge, tace, quiesce' - "Foge, cala-te e descansa". A conclusão do último parágrafo - também colocada de forma magistral - encaixa-se perfeitamente no Católico do século XXI. 

Espero que minha amiga Melissa não se zangue por esta cópia, mas creio ser impossível não fazê-la!

"II. Se aspiras à honra de ser filho verdadeiro de Maria Santíssima, deves aplicar-te com todo o cuidado à sua imitação levando vida retirada e recolhida. Imagina, portanto, que a divina Mãe te diz o que o anjo disse um dia a Santo Arsênio: Fuge, tace, quiesce ― «Foge, cala-te e descansa».

Foge: Segundo o teu estado, retira-te à solidão ao menos pela vontade, evitando as conversações inúteis, mormente com pessoas de sexo diverso. Cala-te: Ama o silêncio, que é chamado a guarda da inocência, a defesa nas tentações e a fonte da oração. Descansa: Repousa em Deus pelo exercício da presença divina; porque, como Deus mesmo disse a Abraão, este exercício é o caminho mais curto para chegar às alturas da perfeição: Ambula coram me, et esto perfectus (Gen 17, 1) ― «Anda em minha presença e sê perfeito».

Para imitares assim a vida solitária de Maria Santíssima, não é preciso que te escondas em alguma gruta ou no deserto; nem tampouco que deixes as ocupações do teu estado; porquanto é mais meritório trabalhar para Deus do que descansar para pensar em Deus. É todavia necessário que faças cada dia alguma, ainda que breve, meditação. E como a Bem-Aventurada Virgem conservava toas as palavras de Jesus Cristo em seu coração, comparando-as umas às outras (Luc 2, 51), faze tu também dos bons pensamentos, havidos na meditação, um ramalhete de flores, afim de refrescar durante o dia o espírito pela sua recordação."

Como mencionei na abertura do tópico, trata-se de um artigo de primeira qualidade e que merece ser lido!

Louvado Seja Nosso Senhor Jesus Cristo!

quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Catolicismo e a Teoria da Evolução

O tema é polêmico. E a polêmica se deve muito mais à ignorância e a má vontade para com a Igreja que realmente por alguma imposição dogmática que vá contra a ciência.

Porque a posição da Igreja neste ponto sempre foi muito equilibrada e de cautela. Qualquer pessoa que se interessar em verificar e for ao google e digitar "A Igreja Católica e a teoria da evolução" terá uma série de esclarecimentos neste sentido (conferir em http://hypescience.com/vaticano-afirma-que-teoria-da-evolucao-e-compativel-com-o-criacionismo/só para citar dois meios de comunicação não-Católicos).
E o documento papal a tratar do assunto diretamente nem é tão recente assim! A encíclica papal Humanis Generis completou 62 anos no último dia doze de Agosto (conferir o documento no link http://www.vatican.va/holy_father/pius_xii/encyclicals/documents/hf_p-xii_enc_12081950_humani-generis_po.html) e que vem sendo mal interpretada particularmente para com pessoas que tenham extrema má vontade com a Igreja, preferindo botar sua fé em teorias acidentais formuladas totalmente ao acaso e contrárias inclusive a nossa ciência experimental que tem declarado através de seus próprios defensores a total impossibilidade de se comprovar com segurança a sua veracidade.

Pois neste "Resposta Católica" número 105 e muito oportunamente o Padre Paulo Ricardo explica magistralmente a posição Católica frente às pesquisas e aos avanços científicos nesta área. Aconselho entusiasticamente a todos assistir este vídeo, o qual me darei ao trabalho de transcrever nas próximas postagens por julgá-lo extremamente oportuno e bem construído. 
Confira a gravação no link http://youtu.be/pPqBmfZM0g4.


No "Resposta Católica" de hoje gostaríamos de responder a pergunta se é possível um Católico defender a teoria da evolução. 

A resposta é que depende. Depende do que você entende por 'teoria da evolução'. Vamos então começar por algumas balizas já bastante claras colocadas pelo Magistério da Igreja. Vamos partir da encíclica "humani generis" do Papa Pio XII.Se você tem o Denzinger Schonmetzer (para consultá-lo on line você pode abrir uma conta no aplicativo google books e criar a sua biblioteca particular ou clicar no link http://books.google.com.br/books?id=GHbekht0_ToC&pg=PA1433&lpg=PA1433&dq5qTr7qO8rI0AGEvdziBA&sa=X&oi=book_result&ct=result&resnum=5&ved=0CDkQ6AEwBA#v=onepage&q&f=false e apertar as teclas ctrl+f - para abrir a caixinha de pesquisa) você pode encontrar a partir do número 3896. Ali o Papa Pio XII coloca muito clara a posição da Igreja, que ela não quer intervir no debate científico.

O Papa, porém, exorta para que os cientistas sejam cautelosos com relação a certas hipóteses. Gravem bem a palavra "hipóteses" porque ela vai voltar ao longo do nosso vídeo. 

Muito bem! Pio XII então diz o seguinte: "O magistério da Igreja não proíbe nas investigações e disputas de os homens doutos de ambos os campos se trate da doutrina do evolucionismo que busca em matéria viva pré-existente a origem do corpo humano." 
Então que o nosso corpo tenha vindo do barro ou tenha vindo de uma matéria viva que existia antes isso para nós é absolutamente indiferente!

Sabe por que? Porque o Deus criador do céu e da terra pode ter criado as coisas já prontas e feitas, do jeito que nós vemos aqui ou então pode ter criado estas coisas aos poucos, lentamente. A Igreja crê no fato que Deus criou mas não impõe o como Deus fez aquilo que nós temos aqui. Isso podemos tranquilamente deixar para a investigação científica.

Uma coisa que Pio XII quer deixar bem claro é o fato de que a origem do corpo humano matéria - é uma coisa - mas quando nós começamos a falar da origem da alma aí nós já estamos pisando num terreno que não é objeto de investigação da ciência natural. Quando nós falamos de alma humana quem pode falar desta matéria é a filosofia e a teologia e não o biólogo.

Então a alma humana - a Igreja deixa bem claro - ela é proveniente de um intervento direto de Deus, ou seja, de uma criação Divina.

Sendo assim o Papa deixa as balizas bem claras para que então aconteça o debate científico.


Mas isso foi em 1950! Depois de 46 anos o bem aventurado Papa João Paulo II resolveu colocar novamente a colher no caldeirão! E ele escreveu uma carta - já não uma carta encíclica como Pio XII e que tem um nível de autoridade bem mais elevado. Ele simplesmente escreveu uma carta para a Pontifícia Academia de Ciências Nessa carta ele trata da teoria da evolução e diz que por aquilo que ele vê a comunidade científica chegou a um ponto em que a teoria da evolução já não é mais uma simples "hipótese" - como dizia Pio XII - mas que já seria algo de mais consistenteÉ evidente que isto causou em alguns cientistas Católicos e outros cientistas até evangélicos cristãos de diversas religiões uma certa consternação.

Por que?
Porque ao longo do tempo se desenvolveu uma outra hipótese científica que seria a hipótese do chamado inteligent design (http://law2.umkc.edu/faculty/projects/ftrials/conlaw/evolution.htmou seja do projeto inteligente. Sendo assim dentro do campo científico nós temos agora um debate e o debate é este. Nós estamos falando de um projeto inteligente em que uma inteligencia Divina fez com que as coisas mudassem mais com a sua intervenção direta, gradual, pedagógica; e providencial e uma outra hipótese a hipótese que as coisas evoluíram um pouco aleatoriamente sem tantas intervenções de Deus sempre admitindo que estamos falando de um Deus Criador que criou princípios, criou princípios, criou leis e que estas leis já dariam conta de explicar esta evolução das coisas. São duas hipóteses científicas.

Nós Católicos não temos dificuldade nenhuma com estas duas hipóteses. Elas subsistem e conflitam entre si.

É claro que esta posição do bem-aventurado Papa João Paulo II não queria resolver este debate científico. O Papa João Paulo II não era nenhum ingênuo! Ele simplesmente estava admitindo para a comunidade científica que as coisas não eram tão hipotéticas, assim remotas do jeito que Pio XII colocava. O Papa quis demonstrar para a comunidade científica que a Igreja Católica leva a sério aqueles cientistas que defendem a teoria da evolução e que as coisas não seriam tão remotas.

Mas a Igreja - como sempre - Ela se abstém de fazer juízos científicos.

Se você quiser ler um pouco mais a esse respeito você pode acessar a um documento da Pontifícia Comissão Teológica Internacional. A Comissão Teológica Internacional publicou em 2004 um documento com o nome Comunhão e Serviço à Pessoa Humana Criada a Imagem de Deus http://www.vatican.va/roman_curia/congregations/cfaith/cti_documents/rc_con_cfaith_doc_20040723_communion-stewardship_po.html). A partir do número 62 até o número 70 o documento fala da ciência e da administração do conhecimento. Ali se colocam as várias contribuições da Teologia para que o Católico veja com clareza que não há dificuldade de harmonizar a fé Católica com a Teoria do Big Bang, por exemplo, e harmonizar a fé Católica com a Teoria de um Evolucionismo, desde que seja um Evolucionismo Teísta, ou seja, um Evolucionismo que admite um Deus Criador e um Deus que, a qualquer momento, pode intervir na Criação.


Pois bem, seja como for, aqui nós estamos diante de problemas científicos. Como você sabe eu não sou um cientista em termos de ciências naturais. O meu campo é a filosofia e a teologia. Mas se me é permitido dar uma opinião de minha parte eu tenho sérias dificuldades com o evolucionismo mesmo que seja Teísta. 

Por que?
Porque os argumentos do grupo do Inteligent design - ou seja, do projeto inteligente - são argumentos que até agora não foram rebatidos com clareza. Por exemplo, quando nós vemos que o registro fóssil ainda é insuficiente, que nós não temos uma linha de coerência naquilo que é a teoria do evolucionismo, ou seja, a especiação, a passagem de uma espécie para outra, quando nós, por exemplo, temos situações como as complexidades irredutíveis e assim por diante. 

Eu não quero entrar aqui no debate científico. Só quero colocar a minha posição e dizer que tenho dificuldades pessoais com o evolucionismo.

Mas o Papa João Paulo II e o Magistério da Igreja deixa aos cientistas a total liberdade para debaterem entre si e para se perguntarem qual é o processo que Deus utilizou para trazer o mundo a esta harmonia que nós hoje contemplamos.

Uma última nota que é o seguinte: não podemos ser, porém, ingênuos quando nós falamos a respeito de 'teoria da evolução'.

Por que?
Porque enquanto nós Católicos não temos dificuldade de admitir que Deus criou as coisas todas prontas de uma vez só ou as criou aos poucos, para os ateus a teoria da evolução é uma coluna mestra, para nós, para eles necessária e muito, muito, extremamente importante.
Por que?

Porque se não existe um Deus não existe só existe uma alternativa: as coisas terem vindo a serem o que são através do mero acaso e de uma seleção natural. É por isso que quando nós falamos deste debate a respeito da 'teoria da evolução' nós estamos diante de uma parte que é bastante beligerante que são os ateus. Nós não temos dificuldade de analisar as duas hipóteses mas os ateus tem aqui a sua única tábua de salvação porque, como explicar o mundo se não há um Deus?

Então aqui não sejamos ingênuos! Porque nem todas as pessoas que estão neste debate científico estão realmente de boa vontade e isentas. Algumas estão simplesmente defendendo o seu credo ateísta. E por isso precisam desesperadamente colocar certezas onde na verdade nós só temos teorias.
fonte: padrepauloricardo.org

terça-feira, 11 de setembro de 2012

Silas Malafaia e o Ecumenismo


O tópico é da autoria do Emanoel e traz um posicionamento interessante sobre a questão do Ecumenismo proposta em dois momentos sendo o primeiro deles num debate no programa Canal Livre da rede Bandeirantes e o outro quando fala de sua ida para a Rede Globo de Televisão. Primeiro vejam o vídeo:  http://youtu.be/P0URnpwYmpk

Abaixo o texto do Emanoel quando da abertura do tópico.

Ecumenismo só entre protestante?

A IGREJA EVANGÉLICA NÃO PARTICIPA DE ECUMENISMO NO QUE TANGE A DOUTRINA DE FÉ.

Motivo segundo o Malafais Os dogmas e princípios de fé divergentes não participa do ecumenismo.

Essas foram mais ou menos as palavras de Malafaias, explicando no roda viva pq não vai participar da reunião ecomênica com na ocasião da primeira vinda de Bento XVI

Diz que ecumenismo só entre evangélico só entre evangelico pq não há divergencia de dogmas e princípio de fé entre eles

PERGUNTO.

1- VC CONCORDA COM MALAFAIAS QUE NÃO HÁ DIVERGÊNCIA DE DOGMA E FÉ ENTRE OS EVANGÉLICOS?

2 -EXISTE ECUMENISMO EVANGÉLICO?


Bom, ouvi o vídeo e o achei bem rico de aspectos para posicionamentos, por conseguinte acho que vale a pena gastar um pouquinho de tempo num trabalho de transcrição do mesmo.

Então vamos lá; após os letreiros iniciais o jornalista Joelmir Betting abre uma pergunta sobre ecumenismo, dizendo o seguinte:

- Pastor, para encerrar: o senhor, pela Assembléia de Deus participa do encontro ecumênico com o Papa em São Paulo?






E o Silas:
- Não! Nós não participamos porque os dogmas de fé não são os mesmos, os princípios de fé são contraditórios e nós não participamos porque também...







- Mas e o Ecumenismo onde fica?
 - O Ecumenismo não fica! Na questão teológica-doutrinária não, não fica! A igreja evangélica e sua maioria... 98% da igreja evangélica não participa de ecumenismo.






Então o jornalista Fernando Mitre entrou no tema questionando:


- Então a sua igreja é excludente?










- Em questão de doutrina e fé é! e a Igreja Católica também é porque foi esse papa que fez um documento em 2004/2005 o "Domminus Iesus" dizendo que a Igreja Católica era a única Igreja verdadeira! É esse papa que tá aí! Quando ele era o chefe da congregação!

Sobre o tema postei o seguinte:

Emanoel devo dizer que achei o tema excelente, muito embora tenha sentido no ar uma intenção velada de 'queimar' o Silas como líder carismático que se apresentava junto à Igreja Católica.

Sob vários aspectos vejo o Silas como um sujeito bem intencionado, noutras como um oportunista barato mas em todas elas enxergo nele os enganos resultantes de sua opção pelas solas.

E aqui o principal deles: NEGAR A FÉ E A REVELAÇÃO COMPLETAS QUE SE APRESENTAM EM JESUS CRISTO.

Existe um caminhão de evangélicos que não se dão conta disso (ou seja, que ao se assumirem como biblistas estão automaticamente se excluindo da Igreja fundada por Nosso Senhor Jesus Cristo, muito embora façam parte do Corpo de Cristo através do Batismo protestante, reconhecido como válido pelo Credo Católico (Professo um só batismo).

É um crime que eles mesmos fazem contra si mesmos. Ou seja, é a absurda exclusão voluntária e orgulhosa! E tudo por falta de humildade!

Nesta gravação o pretexto utilizado foi o documento "Dominus Iesus" do então Cardeal Joseph Hatzinger como se fosse discriminatório. Como Católico é fácil de entender a verdade da diferença entre Igreja e igreja (que o protestantismo teima em ignorar e que é vital para a fé cristã). Por isso é de fácil compreensão para nós.
Colhi dois links sobre o assunto, sendo o primeiro do site Veritatis Splendor (http://www.veritatis.com.br/apologetica/105-igreja-papado/1124-explicando-o-documento-qdominus-iesusq ) intutulado "Explicando o documento 'Dominus Iesus'" e o segundo do blog de Dom Henrique Soares da Costa (http://www.domhenrique.com.br/index.php/doutrina-catolica/360-dominus-iesus-um-documento-que-deu-o-que-falar-) intitulado "Dominus Iesus: um documento que deu o que falar".
Em ambos vislumbrei a posição Católica, sempre equilibrada e serena, sem abrir mão da Verdade que é o Senhor Jesus (não existe outra) e lembrando que a Católica é a única Igreja fundada por Ele.

Nada de extraordinário para quem não se importa de esquecer o politicamente correto à luz dos fatos históricos e que tem a humildade de aceitar a verdade desses fatos sobre sua vaidade e interesses pessoais.

H I - Debates: A unidade da Igreja.

  1. A unidade da Igreja

Tendo em vista a complexidade e a variedade dos temas abordados no tópico "A história da Igreja" e partindo da observação de vários membros sobre o problema da dispersão ocasionada dentro do tópico me pus a pensar "Mas este é um questionamento que merece mais espaço fora de um tópico tão expositivo!" Então me propus a criar alguns tópicos mais específicos para abordar estes pontos.

O primeiro que me chamou a atenção foi justamente o que coloquei acima - a unidade da Igreja.

A mim como Católico parece muito óbvio que desde o início Deus quis o homem como um todo (ou Catholon, como se diz em grego). Da mesma forma me é fácil de entender que Deus deseje a Igreja como Una.
Por isso colocamos logo nas primeiras linhas do tópico: "Quando nós falamos de Igreja nós não estamos falando apenas de pessoas humanas que se organizaram numa agremiação. Nós estamos falando do Corpo de Cristo! Que tem em pessoas humanas os seus membros, que tem o Espírito Santo como sua Alma. Nós estamos falando de uma Unidade que é mística, misteriosa, invisível e precisa ser crida! "

Um bom amigo que tenho no orkut e um dos protestantes de maior conteúdo que já vi em debates pela internet afora - o glorioso Pastor Emerson Osmar da Silva - colocou esse ponto na seguinte ótica:
Quando nós falamos de Igreja nós não estamos falando apenas de pessoas humanas que se organizaram numa agremiação. Nós estamos falando do Corpo de Cristo! Que tem em pessoas humanas os seus membros, que tem o Espírito Santo como sua Alma. Nós estamos falando de uma Unidade que é mística, misteriosa, invisível e precisa ser crida! Isso ficou bom mesmo!!!!

(e na postagem seguinte)...

Importa que Jesus disse: "Vão com o Pedrão! Não embarquem em canoa furada!"

??? Quando Jesus disse isso?

Ele disse na verdade: Eu sou o caminho a verdade e a vida, ninguém vem ao Pai se não for por meio de mim"!

E o próprio Pedrão disse isso:

Vós também, como pedras vivas, sois edificados casa espiritual e sacerdócio santo, para oferecer sacrifícios espirituais agradáveis a Deus por Jesus Cristo.
Por isso também na Escritura se contém: Eis que ponho em Sião a pedra principal da esquina, eleita e preciosa; E quem nela crer não será confundido.
E assim para vós, os que credes, é preciosa, mas, para os rebeldes, A pedra que os edificadores reprovaram, Essa foi a principal da esquina,
E uma pedra de tropeço e rocha de escândalo,
Mas vós sois a geração eleita, o sacerdócio real, a nação santa, o povo adquirido, para que anuncieis as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz;
Vós, que em outro tempo não éreis povo, mas agora sois povo de Deus; que não tínheis alcançado misericórdia, mas agora alcançastes misericórdia.
Perceberam onde está o ponto crítico? 

Bom, considero que essa colocação do caríssimo Osmar abre espaço para que possamos começar pela unicidade da Igreja de Cristo o debate.

O tema para o debate está aberto!

Postagem do Emanoel!

PATRÍSTICA E A UNIDADE
Bíblia
“Rogo-vos, irmãos, pelo nome de nosso Senhor Jesus Cristo, que digais todos o mesmo e que entre vós não haja cismas, mas sede perfeitos no mesmo espírito e no mesmo parecer” (1Cor. 1,10).

Ireneu de Lião

"[Estar na Igreja] nos permite ver que uma só e mesma é a fé de todos, porque todos crêem num só e mesmo Deus Pai, admitem a mesma economia da encarnação do Filho de Deus, reconhecem o mesmo dom do Espírito, meditam nos mesmos preceitos, observam a mesma forma de organização da Igreja, aguardam a mesma vinda do Senhor, e esperam a mesma salvação do homem todo, ou seja, da alma e do corpo" (Contra as Heresias 5,20,1)
Tertuliano de Cartago
"Nós somos um corpo unido pelo vínculo da piedade, pela unidade da disciplina e pelo pacto da esperança" (Apologia 39,1).

Didaqué
"Assim como este pão partido estava espalhado aqui e acolá pelas colinas e, colhido, torna-se uma só coisa, assim também se recolhe tua Igreja em teu reino desde os confins da terra (...) " (9,4; 10,5-6).

Inácio de Antioquia
"Importante, por conseguinte, vivermos numa irrepreensível unidade. Assim poderemos participar constantemente da união com Deus" (Epístola aos Efésios).

"Nada exista entre vós que possa dividir-vos" (Epístola aos Magnésios).

"Perseverai na unidade sob o olhar de Deus" (Epístola a Policarpo).

Ireneu de Lião
"Esta é a doutrina que a Igreja recebeu e esta é a fé que, mesmo dispersa no mundo inteiro, a Igreja guarda com zelo e cuidado, como se tivesse a sua sede numa única casa; e todos são unânimes em crer nela, como se ela tivesse uma só alma e um só coração; esta fé ela anuncia, ensina, transmite como se falasse uma só língua.(...) As Igrejas fundadas na Germânia não têm outra fé e outra tradição; diga-se o mesmo das Igrejas fundadas na Espanha, entre os celtas, no Oriente, no Egito, na Líbia, ou no centro do mundo, que é a Palestina. (..)" (Contra as Heresias 1,10,2).
"Porque é com essa Igreja (de Roma), em razão de sua mais poderosa autoridade de fundação, que deve necessariamente concordar toda Igreja, isto é, que devem concordar os fiéis procedentes de toda parte; ela, na qual sempre, em benefício dos que procedem de toda parte, se conservou a Tradição que vem dos Apóstolos" (Contra as Heresias 3,3,2).
Tertuliano de Cartago
"Nós somos uma sociedade, um sentimento religioso comum, uma disciplina unitária e um comum laço de esperança" (Apologia 39,1).

"Procuramos entre nós, juntos dos nossos, e sobre as matérias que são nossas, e somente aquilo que pode ser posto em questão sem que a regra de fé seja comprometida" (Da prescrição dos hereges 12,5).

H I 04 _ A Idade Sub-Apostólica

(e Jesus: ressuscita os mortos, cura ...) 
Na aula passada então nós vimos o início, a formação das Sagradas Escrituras. Vejam, é preferível sempre usar a expressão Sagradas Escrituras em vez de usar a palavra Bíblia. É que a palavra Bíblia em português criou a impressão de singular. É uma coisa só, é um livro. Mas nós vimos que Bíblia é plural, não é? O singular em grego é Biblion. Bíblia são os Livros, os Livros Sagrados, então é preferível colocar no plural as Sagradas Escrituras.
Por quê?
Porque nós sabemos que as Sagradas Escrituras na verdade são uma biblioteca que depois foi juntada num volume só. Hoje em dia a gente pode ter a facilidade de ter todas as Sagradas Escrituras num volume, num códice mas... Isso é uma novidade!

Durante toda a história da Igreja essa coisa de Sagradas Escrituras foi sempre algo que as pessoas não tinham acesso completo. Por que é que o senhor Martinho Lutero foi capaz de colocar o princípio da sola scriptura?
O que é que é esse princípio?
Sola scriptura é o princípio segundo o qual Martinho Lutero (1517 - início do protestantismo) estabelece que somente pela escritura é que temos a norma de fé.

Como Lutero foi capaz de fazer isso?
Ora, Lutero foi capaz de fazer isso por uma razão muito simples, gente: ele tinha a imprensa! Não é? Um pouquinho antes de Lutero teve um senhor chamado Güttemberg que inventou a imprensa.

Para você ter toda a biblioteca das Sagradas Escrituras antigamente durante mil e quinhentos anos para você ter todos os setenta e dois livros das Sagradas Escrituras você precisava ter muito dinheiro!

Durante mil e quinhentos anos a Igreja teve que viver de resumos da Bíblia. Pedaços da Bíblia! Alguém tinha as Cartas de São Paulo ou tinha trechos dos Evangelhos, tinha o Livro dos Salmos, mas quase ninguém tinha a Bíblia inteira!

Por quê?
Bom, por uma razão muito simples você senta agora e copia a Bíblia inteira. Quanto tempo vai levar isso?

Depois nós – agora – temos o papel mas vocês sabem que o papel foi uma invenção que veio da China com Marco Polo no século XV!

Marco Polo trouxe o papel! Antes do papel, o que é que tinha?
Tinha o pergaminho que era caríssimo! Era couro de carneiro tratado e era muito caro você escrever uma coisa! Você tinha pergaminhos! Para você copiar a Bíblia você precisa ser riquíssimo! Porque o pergaminho era caro, a tinta era cara, e o trabalho de um amanuense, de uma pessoa que escrevesse, um calígrafo que copiasse era mais caro ainda! Imagina o cara passava meses e meses copiando porque não pensa assim que tinha escrita, que tinha caneta esferográfica.

Você, com uma pena tinha que apontar a pena, desenhar as letras, esperar a tinta secar na pele do carneiro! Não era assim, automático! Tanto que as Cartas de São Paulo, a gente vê as Cartas de São Paulo hoje, a gente não imagina o trabalhão que deu a esse homem, ditava essas cartas de noite, quantas noites de trabalho custou prá São Paulo escrever uma Carta destas. Tanto que ele tinha tempo para pensar! Não é como nós hoje em dia, que a gente vai escrevendo as coisas no computador aí apaga, se arrepende, volta atrás, não! Ele ditava a Carta e um escrivão ia escrevendo. Como é que a gente sabe que ele ditava? Porque tem algumas Cartas que o finalzinho ele diz assim: “Essa é a minha escrita”. Ou seja, quer dizer que a Carta inteira quem fez foi uma outra pessoa e dali para frente ele começou a escrever pro pessoal ver a assinatura dele, a escrita dele.

Então São Paulo passava a noite na luz de lampião... ou seja, de lâmpadas ditando essas Cartas e levava tempo! Enquanto o escrivão ia escrevendo uma linha ele tinha tempo de pensar a próxima frase! Então não era assim, que era uma coisa impensada! Ele levava o dia inteiro pensando o que que ele ia escrever de noite, entendeu? Então levava tempo para copiar as coisas...
Então ter a Bíblia inteira copiada e escrita era um privilégio de poucos! Só mosteiros muito ricos, só Catedrais importantes, bibliotecas famosas é que tinham a Bíblia inteira.

Aí eu pergunto a vocês: como era possível que a Igreja fosse viver de “Bíblia” se ninguém tinha acesso a isso?

Então os protestantes podem! Eles podem, gente! São muito recentes, eles! Eles começaram anteontem! Eles começaram a cinco séculos atrás, a Igreja tem dois mil anos! Então esses caras podem chegar com a Bíblia debaixo do braço e dizer: “Só a Bíblia!” Tudo bem, não é? Você não teve que viver 1.500 anos sem ela!

Entende? Pra você é fácil, né? Vocês começaram numa época que já tinha papel, já tinha imprensa, é fácil prá você falar de boca cheia: “A Biiiblia”, não é? A Bíblia na mão do povo! Não foi você que teve que combater heresia durante quinze séculos!
Entenderam? Como que a Igreja ia viver desse jeito?

Dependendo de Bíblia? Entenderam o problema?
Veja, eu não estou desprezando a palavra de Deus! Eu não estou desprezando as Sagradas Escrituras! Só que a gente tem que tomar consciência do seguinte: A palavra de Deus é UMA PESSOA! É JESUS CRISTO! NÃO É UM LIVRO! E A IGREJA SEMPRE VIVEU DESTA PESSOA QUE É JESUS CRISTO, QUE É A PALAVRA DE DEUS! UM ACONTECIMENTO HISTÓRICO!

E a Igreja sempre viveu de ter que preservar a memória, os ensinamentos, os sacramentos e a presença do Cristo ressuscitado no seu meio. Foi assim que a Igreja teve que viver durante séculos!

Portanto gente, nós tivemos primeiro a Igreja e depois a Bíblia!
Então, resumindo o que nós vimos na aula passada, a lista dos vinte e sete livros do Novo Testamento ela levou um tempo para ser formada. O primeiro livro, o primeiríssimo livro, foi escrito no ano 51dc. O último livro, que é o Apocalipse, foi escrito mais ou menos no ano cem! Levou cinqüenta anos só para escrever! Depois que escreveu levou mais cem anos de debate para saber quais desses livros iam entrar na lista! No Cânon do Novo Testamento! Os marcionitas queriam pouquíssimos livros! Os gnósticos queriam muitos livros! Vai, debate, estica, encolhe, faz lista, os bispos então chegaram a um consenso dos vinte e sete livros do Novo Testamento.

Mas isso foi bem depois...
E mesmo com os vinte e sete livros do Novo Testamento não está resolvido tudo porque não é todo o mundo que tem acesso aos vinte e sete livros do Novo Testamento! Você não pode agora montar a vida da Igreja inteira em cima de um livro! Também porque a gente sabe que esse livro dá para a gente fazer muita coisa com ele! Em cima das Sagradas Escrituras os protestantes, cada um funda uma igreja! A cada dia tem uma igreja sendo fundada! Porque eles estão convencidos de que o negócio é assim, a igreja não vincula ninguém, o que vincula é a Bíblia! Para eles o que importa é a Bíblia, não importa a Igreja!

Mas meu irmão, como é que você pode dizer que o que importa é a Bíblia, não importa a Igreja? Como é que você tem Bíblia se você não tiver Igreja?

Entenderam o problema?

Tá dando para enxergar que, se não tivesse Igreja não teria Bíblia?

Que a Bíblia não caiu do céu com zíper e tudo?
Ou você tem uma Igreja para explicar o surgimento das Sagradas Escrituras ou então meu irmãozinho, tchau, tchau.

Então nós respeitamos os nossos irmãos evangélicos/protestantes, mas a única coisa que a gente pode e deve dizer para eles é o seguinte: “Vai estudar, criançada!” Não é?

Vamos estudar a História da Igreja! E ver direito como é que é esse negócio!

É por isso que tem padre amigo meu que diz assim: “Olha, quem estuda a história da Igreja antiga protestante não fica! Pode virar até ortodoxo, mas protestante não fica!”
Porque não tem consistência! Não tem consistência histórica!

Você não tem como explicar o princípio protestante, não tem como Jesus não podia ter feito a Igreja para Ela sobreviver em cima: 1) De um livro que ainda nem existia; 2) Que, uma vez que ele existe, ainda não havia sido identificado; 3) Uma vez que foi identificado, não tá na mão de todo o mundo! É uma coisa raríssima!
Então é evidente que as Sagradas Escrituras servem como norma para nós, MAS A PALAVRA DE DEUS NÃO É UM LIVRO, A PALAVRA DE DEUS É A PESSOA VIVA DE NOSSO SENHOR JESUS CRISTO ENCARNADO NA HISTÓRIA RESSUSCITADO E VIVO DENTRO DA SUA IGREJA! PONTO! ISSO É A PALAVRA DE DEUS! É UMA PESSOA! VIVA! E A IGREJA AO LONGO DOS SÉCULOS TEM A MISSÃO DE CONSERVAR A MENSAGEM, A PALAVRA, A MEMÓRIA DOS FEITOS, OS MISTÉRIOS CELEBRADOS NOS SACRAMENTOS, OS ACONTECIMENTOS MÍSTICOS QUE SURGIRAM A PARTIR DA REDENÇÃO, DA ENCARNAÇÃO, DA RESSURREIÇÃO DE NOSSO SENHOR! Entenderam?
Jesus disse: “Eis que Eu estarei convosco todos os dias até a consumação dos séculos.” Ele não disse: “Eis que a Bíblia estará convosco todos os dias.” Ele disse: “Eu estarei convosco todos os dias!”

Ninguém mais podia dizer “Eu vi quando Jesus fez tal coisa...”; “Eu vi o Ressuscitado!”; “Eu toquei nas suas chagas!” Ninguém mais! A Idade Sub-Apostólica é a idade em que ninguém mais pode dizer, como São João diz no início da sua primeira Carta: “O que era desde o princípio, o que ouvimos e o que vimos com os nossos olhos, o que contemplamos e as nossas mãos apalparam...” Vejam que ele insiste na carnalidade, na experiência sensitiva, dos sensitivos, sensorial, ele insiste nisso: “os nossos ouvidos ouviram, os olhos contemplaram, as mãos apalparam no tortante do verbo da vida o que vimos e ouvimos nós vos anunciamos para que vós também tenhais a comunhão conosco.”

Vejam que São João insiste no início da sua primeira Carta na corporeidade do Verbo de Deus. Por que?

Porque, ao contrário do que o senhor Dan Brown diz, no seu “Código da Vinci” – qual é a estupidez do Dan Brown – o Dan Brown diz assim: “Jesus era um homem que casou, teve filhos com Maria Madalena, etc. e tal, o escambau, não é? Aí, lá em 313 veio Constantino e no Concílio de Nicéia em 325 o Concílio de Nicéia decretou que Jesus era Deus. Mas antes de 325 Jesus não era Deus, isso foi uma invenção da Igreja Constantiniana, antes disso Jesus era um homem normal, como outro qualquer que casou e teve filhos.” Essa é a idiotice do Dan Brown.
Só que esse Dan Brown parece que nunca leu a Bíblia e, se leu ele é desonesto o suficiente para querer perverter todos os dados que estão lá na Sagrada Escritura! O que é que nós temos no Novo Testamento? Nós temos no Novo Testamento um esforço dos Apóstolos para transmitir a nova geração da Idade Sub-Apostólica o fato de que Jesus era homem!

A dificuldade da geração Sub-Apostólica, ou seja, a geração que veio depois dos Apóstolos, a dificuldade deles não era acreditar que Jesus não era Deus; era acreditar que Jesus era homem! A primeira heresia que surge a maior dificuldade é a dificuldade docetista. O quê que é docetismo? Docetismo, não é? Dokeo em grego é uma aparência, não é?
O quê é que o docetismo dizia? O docetismo dizia que o Filho de Deus veio ao mundo e Ele não foi homem de verdade. Ele só parecia ser homem! Era uma aparência! O corpo de Jesus era só uma aparência! Entendem? Ele não foi homem de verdade não.
Então o quê é que a heresia que começou a surgir nessa época – os Apóstolos ainda estavam vivos e essa heresia começou a aparecer. O pessoal começou a dizer: “Não, porque o Filho de Deus veio e Ele apareceu, não é, Ele teve uma aparência de homem. Mas essa aparência de homem não era verdadeira isso daí eles até atestavam e usavam expressões de São Paulo. Porque São Paulo, vocês sabem, os escritos de São Paulo são os primeiros escritos do Novo Testamento. A linguagem Cristã ainda não estava toda elaborada. Então São Paulo tenta expressar coisas que são difíceis de dizer na língua humana. Então, por exemplo, a gente pega a Carta de São Paulo aos Filipenses, se você pegar o hino do segundo capítulo da carta aos Filipenses. No hino, São Paulo – esse hino provavelmente é anterior a São Paulo, portanto a Carta foi escrita mais ou menos em 54, isso quer dizer que o hino é anterior, então nós estamos falando aqui de um hino que possivelmente pode ter sido composto no ano 40, alguma coisa assim, então nós estamos com um hino bem primitivo, dos primeiros hinos escritos pelos cristãos para celebrar Jesus, não é? No hino do segundo capítulo de filipenses o quê é que está dito lá? Que Jesus tomou a forma humana, a aparência humana (Fil 2,7). Entenderam?
Então baseados nessas expressões arcaicas, antigas, as primeiras expressões cristãs, os docetistas diziam “Puxa vida, gente, tá vendo só? Era só uma aparência! Ele não era homem de verdade! Ele era Deus mas não era homem de verdade!“
Então essa foi a dificuldade da Igreja, quando os Apóstolos ainda estavam vivos mas a maioria dos Cristãos ainda não tinham visto Jesus. Vocês compreendem que os primeiríssimos Cristãos que viram Jesus eles não tem dificuldade nenhuma de acreditar que Jesus era homem. Porque eles tocaram em Jesus, sentaram com Jesus ao redor da fogueira, comeram peixe assado, viram Jesus suar, cansado, dormindo, ninguém tinha nenhuma dúvida de que ele era homem! Eles levaram um tempo para descobrir que ele era Deus!
Quantas vezes a gente lê no Novo Testamento “... e os Apóstolos ainda não tinham compreendido...” Aí Jesus ressuscita e eles começam a compreender, cai a ficha, aquilo que Jesus durante três anos tentou ensinar para eles naquela de “... como sóis duros de coração e lentos para compreender!” diz Jesus, no caminho de Emaús. “E então Ele lhes abriu a inteligência para compreender as escrituras.” Quer dizer, eles foram compreendendo as Escrituras porque Jesus deu a eles essa possibilidade, para entender tudo o que tinha acontecido!

Então vejam só: os primeiríssimos Cristãos não tinham dificuldade de crer que Jesus era homem. Com a Ressurreição eles aprendem que Jesus era Deus. Jesus já tinha mostrado isso, que era Filho de Deus, durante a sua vida. Foi condenado por isso! Jesus foi condenado à morte porque se fez Filho de Deus! Só que não caía a ficha completamente!

E então, com a Ressurreição e com Pentecostes eles começam a crer de verdade. E começam a pregar isso, começam a ver qual era a fé deles!

Bom, então quando os Apóstolos começam a envelhecer (no caso de São João) ou a morrer martirizados (como no caso de São Paulo e São Pedro) nós já estamos numa época em que a maior parte dos Cristãos não podia dizer que tinha visto Jesus! Essa é a dificuldade, essa é a crise da Idade Sub-Apostólica. Como será o seguimento de Jesus, como é que vai ser a Igreja quando ninguém mais puder dizer “eu vi”? Quando nós não tivermos mais os Apóstolos, porque a finalidade e a função dos Apóstolos era essa. Se vocês pegarem lá, nos Atos dos Apóstolos, vocês vão ver no início dos Atos dos Apóstolos quando os Apóstolos têm que decidir eleger quem que vai substituir Judas – quando eles vão eleger Matias – eles dizem assim: “Convém pois desses homens que têm estado em nossa companhia todo o tempo em que o Senhor Jesus viveu entre nós a começar do Batismo de João até o dia em que do nosso meio foi arrebatado um deles se torne conosco testemunha de sua Ressurreição” (At 1, 21).
Olha aí a função dos Apóstolos! Está aqui definido o quê é que é o Apóstolo! Vamos escolher um Apóstolo para ficar no lugar de Judas. Quem que vai ser? Qual é o critério para ser Apóstolo? Tem que ser alguém que esteve conosco desde o batismo de João (ou seja, o início do ministério público de Jesus) até a sua subida aos Céus (ou seja, o final das aparições de Jesus depois da Ressurreição) para que conosco seja testemunha da Ressurreição! Ou seja, a função do Apóstolo é dizer “eu vi!” Entendeu? “Eu vi o Ressuscitado!”
É por isso que Paulo pode dizer que é Apóstolo! Porque Jesus apareceu a ele Ressuscitado como a um aborto, não é? Ele diz assim, em sua primeira Carta aos Coríntios no capítulo 15: “Por último apareceu também a mim, como um abortivo” (ou seja, fora de hora). Então estou aqui atestando a Ressurreição de Jesus! São Paulo diz “Eu sou Apóstolo porque Jesus me escolheu, não é porque ninguém quis não!”
Só que na Idade Sub-Apostólica, ou seja, quando os Apóstolos não estavam mais aí, ninguém podia dizer mais “eu vi!”

E agora?

Bom, agora a gente vai precisar passar por uma realidade chamada “Os sucessores dos Apóstolos”. E quem vão ser esses sucessores dos Apóstolos?

Vão ser os Bispos!
E para nós compreendermos que são esses Bispos os sucessores dos Apóstolos eu gostaria de tomar o exemplo luminoso de Santo Inácio de Antioquia.

Quem foi Inácio de Antioquia?

Inácio de Antioquia foi um Bispo da cidade de Antioquia que foi martirizado em Roma. Nós temos notícia dele em vários escritos a respeito dele, mas principalmente através das Cartas que ele deixou. Então vamos localizar as coisas aqui no tempo.

Então vejam só; primeiro Inácio de Antioquia era Bispo em Antioquia. Se você for olhar no mapa a cidade de Antioquia você localiza facilmente olhando para a ilha de Chipre. Se você olha para a ilha de Chipre existe uma península lá que aponta como se fosse um dedo na direção de Antioquia. Foi lá que os Cristãos foram chamados de Cristãos pela primeira vez. Antioquia fica perto do Rio Orontes e Antioquia está ligada a São Pedro assim como Roma está ligada a São Pedro. Ou seja, antes de Pedro ir para Roma e morrer mártir em Roma São Pedro esteve em Antioquia.

Então o Bispo de Antioquia ele também é sucessor de São Pedro. É sucessor da Cátedra de São Pedro em Antioquia. Ele não é o Papa, ou seja, ele não é sucessor de Pedro diretamente porque Pedro não morreu lá, não é? Mas é sucessor de Pedro porque Pedro esteve em Antioquia, foi Bispo de Antioquia. Então Antioquia está ligada a esta Tradição Apostólica. Tem também, claro, tantos Apóstolos passaram por lá, São Paulo passou por lá, e assim por diante.

A gente chama esse pessoal aqui – que conheceram os Apóstolos mas não conheceram Jesus – a gente chama de Padres Apostólicos.

Por exemplo, São Policarpo de Esmirna ele podia dizer “eu conheci São João”. Santo Inácio de Antioquia podia dizer “eu conheci São Pedro”. Entenderam?
Existe um famoso escritor – a gente chama ele de o ‘pai da história da Igreja’ – porque foi ele quem escreveu a primeira história da Igreja. Um sujeito chamado Eusébio de Cesaréia. Eusébio de Cesaréia ele foi Bispo de Cesaréia – Cesaréia marítima – e ele fez parte do Concílio de Nicéia, em 325. Era amigo de Constantino, etc. e desempenhou um papel importante no Concílio de Nicéia que nós vamos ver depois embora ele fosse de alguma forma semi-ariano.
Mas Eusébio de Cesaréia escreveu a sua “História Eclesiástica”. Quando ele escreveu a sua “História Eclesiástica” – portanto nós estamos aqui no século quarto – ele nos relata documentos que ele foi lá pesquisar para nos dizer “olha, encontrei aqui uma Carta de um tal fulano chamado Papias” e ele relatava isso e isso, e vai contando os documentos que ele encontrou.

Para nós essa “História Eclesiástica” de Eusébio de Cesaréia ela é importante porque ele relata documentos que ele viu, mas que nós hoje não conhecemos. Ou seja, essas Cartas de Papias e companhia limitada desses escritores mais antigos do que ele chegaram até nós através da cópia que ele fez. Ele diz assim: “Papia diz isso aqui” e aí vai e copia o que Papia estava dizendo. Ou seja, a gente tem a obra de Eusébio de Cesaréia mas não tem a obra direta de Papia. Então a gente diz que Eusébio de Cesaréia de alguma forma é o Pai da história da Igreja.

Na verdade se você for ver, no fundo, no fundo o Pai da história da Igreja foi São Lucas, que começa a contar a história da Igreja através dos Atos dos Apóstolos. Mas... é a Sagrada Escritura, é diferente.
Então Eusébio de Cesaréia fala de Santo Inácio. Eu vou ler para vocês o que ele diz: “Um homem ainda hoje celebrado pelas multidões Inácio, que tinha obtido na seqüência da sucessão de Pedro o segundo lugar. A tradição conta que ele foi enviado da Síria à cidade de Roma – Antioquia fica na Síria, não é? Ainda hoje o país lá chama-se Síria – ele foi enviado da Síria a cidade de Roma para se tornar alimento das feras por causa do testemunho de Cristo. Enquanto viajava através da Ásia sob a vigilância atenta dos guardas confirmava as Igrejas por onde passava com seus colóquios e suas exortações em todas as cidades onde passava.”
Então vejam só, Santo Inácio foi confirmando as Igrejas, quer dizer, confirmando as dioceses, que estavam ali as cidades e ele ia, como que ele confirmava, através de colóquio. Ele ia viajando e o pessoal ficou sabendo “puxa, pegaram o Bispo de Antioquia, tão levando prá Roma, prá ele ser executado, prá ele ser martirizado. Ah é?” Todo o mundo ia lá vê-lo. E aí ele confirmava as pessoas na fé, pregava o evangelho para eles, etc. e ia caminhando. Enquanto isso, no caminho, ele também escrevia Cartas, ditava Cartas para as várias cidades, as várias comunidades que estavam lá. Então são essas Cartas que nós temos de Santo Inácio. São Cartas onde ele escreve para as várias cidades – vejam que nós estamos no ano 107dc.

Vejam, no ano 107 gente não havia ainda Novo Testamento. O Novo Testamento já estava todo escrito mas não estava ainda todo identificado, entenderam? A lista não estava feita ainda. Tinha um que tinha um Evangelho, outro que tinha outro Evangelho, outro tinha uma cópia de uma carta, outro que tinha uma cópia de outra coisa, quer dizer tava todo espalhado por aí! Entenderam? O Novo Testamento ainda não estava identificado como tal. E o quê é que tinha no ano 107? Pelas Cartas de Santo Inácio a gente vê claramente que tinha uma coisa: os Bispos!
Os Bispos!
Nas Cartas que Santo Inácio escreve ele exorta constantemente às pessoas para serem fiéis aos Bispos! A fidelidade, a unidade ao redor do Bispo! É uma coisa assim muito importante! Vejam só; primeira coisa: vou pegar aqui um exemplo, a Carta dele aos Efésios. Ele escreve aos Efésios. Na saudação inicial ele diz assim:
“Inácio, também chamado de Teóforo (Teóforo quer dizer aquele que carrega Deus) à Igreja que foi grandemente abençoada na plenitude de Deus Pai predestinada antes dos séculos para existir sempre para uma glória que não passa, inabalavelmente unida, escolhida na paixão verdadeira por vontade do Pai e de Jesus Cristo Nosso Senhor. À Igreja digna de ser chamada feliz, que está em Éfeso, na Ásia, as melhores saudações em Jesus Cristo numa alegria irrepreensível.”
Então essa saudação dele à Igreja que está em Éfeso. Aí ele exorta o pessoal a unidade. E como é que ele faz isso? Ele diz assim:
“Não vos dou ordens como se fosse uma pessoa qualquer. Embora eu esteja acorrentado por causa do Nome (o nome aqui quer dizer Deus, quer dizer Jesus, não é?) ainda não atingi a perfeição em Jesus Cristo. Com efeito agora estou começando a aprender e vos dirijo a palavra como a com discípulos meus. Sou eu quem teria a necessidade de ser ungido por vós com fé, exortação, perseverança e paciência. Todavia o amor não me permite calar a respeito de vós.”





Ou seja, ele está querendo dizer o seguinte: eu não sou ninguém para dar lição a vocês, mas porque eu amo vocês então eu não posso ficar calado. Então deixa eu falar aqui. E o que é que ele quer falar com tanto amor?
“É por isso que desejo exortar-vos a caminhar de acordo com o pensamento de Deus. De fato, Jesus Cristo nossa vida inseparável é o pensamento do Pai assim como os Bispos estabelecidos até os confins da terra estão no pensamento de Jesus Cristo.”
Então olha só: a união de Jesus com o Pai, a união dos Bispos com Jesus. Tá entendendo? Não tem Novo Testamento ainda no sentido de Sagrada Escritura, mas já tem a união aos Bispos. Ele exorta o pessoal para que fuja das heresias, e saiam dessa coisa da sedução das heresias mas fiquem sempre unidos aos Bispos.
Na Carta aos Magnésios, da Igreja de Magnésia, ele é mais claro ainda. Ele diz assim:
“Convém que não abuseis da idade de vosso Bispo mas pelo poder de Deus Pai lhe tributeis toda a reverência. De fato, eu soube que os vossos Santos Presbíteros não abusam de sua evidente condição juvenil. Mas como gente sensata em Deus se submetam a ele, não a ele, mas ao Pai do Bispo de todos, Jesus Cristo. Portanto para honra daquele que nos amou é preciso obedecer sem nenhuma hipocrisia, porque não é o Bispo visível que se engana, mas é ao invisível que se mente!”

Ou seja, ele está dizendo aqui: o Bispo invisível é Jesus. Agora vocês obedeçam ao Bispo visível porque vocês podem enganar esse Bispo visível aqui mas o invisível vocês não enganam não! Estão entendendo?

“Não se fala da carne mas de Deus que conhece as coisas escondidas.”

Então vejam que coisa impressionante que ele desde o início – nós estamos aqui no ano 107. Eu não entendo uma pessoa que lê um negócio destes e ainda consegue ser protestante! No ano 107dc não tem ainda bíblia do jeito que nós conhecemos! Mas já tem Bispo!


Ele diz assim:
“Por isso lhes peço que estejais dispostos a fazer todas as coisas na concórdia com Deus sob a presidência do Bispo que ocupa o lugar de Deus!”

Ficar mais claro do que isso, difícil não é?
O Bispo ocupa o lugar de Deus!

“Dos Presbíteros – que representam o colégio dos Apóstolos – e dos diáconos, que são muito caros para mim aos quais foi confiado o serviço de Jesus Cristo que antes dos séculos estava junto do Pai e por fim se manifestou.”

Então olha só, como é que se organiza a Igreja. No lugar de Jesus está o Bispo. No lugar dos Apóstolos estão os Presbíteros. Então quando um Bispo na sua Catedral se reúne sentado na cátedra rodeado pelo seu presbitério nós estamos diante de uma cena que é descrita no livro do Apocalipse. “O Cordeiro sentado no trono e os Apóstolos, os anciãos e os presbíteros que são doze do Antigo Testamento e doze do Novo Testamento – vinte e quatro anciãos que com coroas na cabeça reverenciam-se e depõem suas coroas diante do trono do Cordeiro.”
O manual de liturgia da Igreja Católica é o livro do Apocalipse. Esse é o nosso manual de liturgia. Então o pessoal fica dizendo assim: “Ah, mas esse negócio de trono pro Bispo, isso é uma coisa medieval, uma invenção..” Não é medieval, não gente! Isso aqui é o livro do Apocalipse. É o trono do Cordeiro, aquele trono que está lá não é do Bispo em si, é de Jesus Cristo. E quando o Bispo senta lá na cátedra ele é o sinal, o símbolo de Cristo que senta na cátedra. Estão entendendo?
Agora, é evidente que tudo isso supõe que esse Bispo seja fiel, não é? Nós vamos aprender depois que este princípio de obediência é um princípio hierárquico: eu obedeço ao Bispo como quem obedece a Jesus Cristo porque o Bispo é obediente!

Agora, se for um Bispo herético, rebelde, insensato é evidente que eu não vou obedecer a ele como se fosse Jesus Cristo! Estão entendendo? Eu obedeço ao Bispo obediente!
Então Santo Inácio fala com toda a clareza a respeito dos Bispos. Ele escreve para a Igreja que está na Trália e as pessoas que nascem na Trália são os tralianos. Na Carta de Santo Inácio aos tralianos (não é aos australianos, tá? É aos tralianos!). Então quando ele escreve aos tralianos ele também fala do Bispo. Nós já estamos na terceira Carta e olha que isso aqui é quase que um sambinha de uma nota só. É a tecla na qual ele insiste do início ao fim! Essa estória de Bispo. Não é que por acaso ele escreveu numa das cartas uma passagenzinha escondida numa nota de rodapé... Não! Isso daqui é o centro do que ele quer dizer! Ele diz:

“Quando vos submeteis ao Bispo como a Jesus Cristo demonstrais a mim que não viveis segundo os homens mas segundo Jesus Cristo que morreu por nós afim de que, crendo em sua morte possais escapar da morte.” Entenderam?
Então ele fala dos Presbíteros, fala dos Diáconos, eu não vou ler tudo porque não dá prá gente ficar aqui a manhã inteira lendo as sete Cartas, tá? E depois exorta que fujam da heresia:

“Eu vos exorto, portanto, não eu propriamente mas o amor de Jesus Cristo ao usar somente alimento Cristão abstendo-vos de toda erva estranha que é a heresia!”

Aqui a preocupação de manter a fé, a doutrina...”Sejam fiéis ao Bispo, fujam da heresia”
A Carta aos Romanos eu vou deixar por último quando nós falarmos a respeito dos mártires, tá? Então eu vou pular a Carta aos Romanos.
Carta aos Filadelfenses... ou Filadelfienses. Olha só, a Igreja da Filadélfia:
“Sei que o Bispo para servir a comunidade não obteve o ministério por si mesmo, nem pelos homens, nem por vanglória, mas pelo amor de Deus Pai e do Senhor Jesus Cristo. Fiquei admirado com a bondade dele.” Ou seja, o Bispo foi lá visitá-lo, já que ele estava indo preso não é, e aí Santo Inácio vai, elogia o Bispo, etc. elogia a constância dele diz prá fugir da heresia e diz uma coisa interessante sobre a Eucaristia, olha só, ele diz que não deve haver divisão e que existe uma unidade ao redor do Bispo e da Eucaristia. Eu vou ler para vocês:
“Isso não significa que encontrei divisão entre vós, mas é uma seleção. Com efeito, todos aqueles que são de Deus e de Jesus Cristo, esses estão também com o Bispo.”
Quem é de Deus está com o Bispo. Quem não é de Deus está contra o Bispo. Foi isso que Inácio disse.
Ele diz:
“Aqueles que, arrependendo-se vierem para a unidade da Igreja serão também de Deus para que sejam vivos segundo Jesus Cristo. Não vos enganeis, meus irmãos, se alguém segue cismático não herdará o Reino de Deus. Se alguém caminha em conhecimentos estranhos este não participa da paixão. Preocupai-vos de participar de uma só Eucaristia.”
Ou seja, já nessa época só existe uma Eucaristia, a Eucaristia do Bispo. Uma só assembléia Eucarística: a do Bispo. E os Presbíteros co-celebram! É a visão do Apocalipse. O Cordeiro, o altar, os Apóstolos ao redor. Então, uma só Eucaristia. Nessa época tinha já gente dividindo, querendo fazer a sua missinha a parte. Santo Inácio diz: “Não! É uma Eucaristia só!”
E é interessante, nós hoje ainda guardamos uma lembrança desta realidade de que existe só uma Eucaristia. Quando a Igreja começou a crescer e não dá prá reunir todo mundo num lugar só prá participar da Eucaristia do Bispo o quê é que se fez: o Bispo celebrava a Eucaristia e mandava um Acólito ou um Presbítero com um pedacinho da hóstia que ele tinha consagrado lá pro lugar em que ia ter aquela outra celebração Eucarística. Então na hora da fração do pão, na hora em que se partia o pão se pegava aquele pedacinho de hóstia do Bispo e se colocava no Cálice, para dizer que essa Eucaristia que nós estamos celebrando aqui está em comunhão com a Eucaristia do Bispo. Esse gesto que nós temos hoje do padre que parte a hóstia e coloca um pedacinho da hóstia dentro do Cálice é resquício disso. Aquele pedacinho de hóstia que é colocado no Cálice é chamado “fermentum” não é? É o fermento. Quem trabalha com fermento natural sabe como é que é o fermento. O fermento é o quê? É um pedacinho de massa de pão que já está fermentada guardada ali é cultivada aquele pedacinho de pão. Você vai fazer aquele pão e mistura tudo, fermenta a massa, não é? Então ali seria o fermento do Bispo, para dizer simbolizando que o Bispo está unido ali e está fermentando aquela Eucaristia para que seja a mesma Eucaristia. Não haja divisão na Igreja.
Então vejam como é que a Igreja nasceu: meus queridos, a Igreja nasceu Católica! Tá? Ela não ficou Católica depois. Me desculpe o senhor Dan Brown mas a Igreja nasceu Católica! Nós estamos aqui no ano 107 gente! E ninguém questiona a autenticidade destas Cartas de Santo Inácio! Porque são tão antigas que todo o mundo sabe, é um negócio muito antigo, não tem como você negar! Então a única Eucaristia é a Eucaristia do Bispo!

Carta de Santo Inácio ao povo de Esmirna. Quem nasce em Esmirna é esmirniota ou esmirnense. Então ele escreve para o povo de Esmirna mais uma vez ele manda fugir das heresias e pede unidade com quem? Com o Bispo!
Dá prá notar que o negócio aqui é um sambinha de uma nota só! Ele diz aqui:
“Seguis todos ao Bispo como Jesus segue ao Pai e ao presbitério como os Apóstolos, respeitai os diáconos como a lei de Deus. Sem o Bispo ninguém faça nada do que diz respeito a Igreja. Considerai legítima a Eucaristia realizada pelo Bispo ou por alguém que for encarregado por ele. Onde aparece o Bispo aí está a multidão. Do mesmo modo que onde está Jesus Cristo aí está a Igreja Católica.”
Olha a palavra Católica aqui! Já apareceu a palavra Católica! Nós estamos no ano 107.
O que quer dizer Católico?
Católico quer dizer Universal, quer dizer inteira, quer dizer a Igreja íntegra, que não está faltando nenhum pedaço! Não é?

Aí está a Igreja Católica!

“Sem o Bispo não é permitido Batizar e nem realizar o Ágape (ou seja a reunião, o banquete Eucarístico). Tudo o que ele aprova é também agradável a Deus para que seja legítimo e válido tudo o que se faz! De agora em diante convém retornar o bom senso enquanto ainda temos tempo convertermos a Deus. É bom reconhecer a Deus e ao Bispo! Quem respeita o Bispo é respeitado por Deus. Quem faz algo às escondidas do Bispo serve ao diabo.”

É sério! A coisa é séria!

Meus senhores a Igreja nasceu Católica!

Agora ele escreveu também uma Carta para o Bispo Policarpo Bispo de Esmirna. Ele não escreveu só para o povo de Esmirna, escreveu pro Bispo. São Policarpo. Dizendo como é que ele deve ser firme contra os hereges, não é? Ele diz assim:

“Aqueles que parecem dignos de fé mas ensinam o erro não te amedrontem.” Ou seja, seu Bispo, não tenha medo, seja homem! Não seja calça frouxa! Entendeu? Seja homem!

“Permanece firme como a bigorna sob os golpes do martelo.” Ele tá dizendo o seguinte: seu Bispo você vai levar paulada, mas fique firme! A bigorna leva martelada mas ela continua firme, não é? O Bispo é a bigorna. Se ele quer ser Bispo e não quer levar paulada vai caçar outro emprego! Bispo é prá levar paulada!

A mesma coisa também padre, viu? Você quer ser padre mas não quer levar paulada meu irmãozinho, muda de profissão! Você tem que ter um capacete bom!

“É próprio do grande atleta aparar os golpes e vencer! É por causa de Deus que devemos suportar tudo afim de que Ele também nos suporte! Sê mais zeloso do que és! Discerne os tempos, espera aquele que está acima dos tempos, atemporal e invisível mas que se tornou visível para nós. Aquele que é impalpável e impassível, mas que se tornou passível por nós e por nós sofreu de todos os modos.”

Aí manda cuidar das viúvas, dos órfãos, cuidar das famílias, não é? E ele ainda exorta a submissão ao Bispo mais uma vez:

“Atendei ao Bispo para que Deus vos atenda!”

Você quer que Deus ouça a sua oração? Então, ouça o que o Bispo pede.

“Ofereço minha vida para os que se submetem ao Bispo, aos presbíteros e aos diáconos. Possa eu com eles ter parte em Deus. Trabalhai uns com os outros, e unidos combatei, lutai, sofrei, dormi, despertai, como administradores e assessores e servidores de Deus.”

Essa Igreja é bonita, não é? É bonito ser Católico!

Nós a seu tempo iremos comentar a respeito da Carta de Santo Inácio aos Romanos mas quando nós falarmos do martírio, tá? É uma Carta bonita a respeito do martírio.
Mas o quê é que eu quero colocar para vocês aqui?
Exatamente o fato de que, mal morreram os Apóstolos e a Igreja já está toda ela organizada ao redor do Episcopado. O Papa, ou seja, o sucessor de São Pedro em Roma, a missão do Papa ela já existe mas ela vai tomando forma aos poucos, entendeu? Como é que o Papa vai exercer sua missão de confirmar os irmãos como Pedro. Por que? O quê é que acontece nesta época em que Santo Inácio escreve – nós estamos numa época de perseguição – é possível e provável que o Papa estivesse morto, ou seja, havia o martírio dos Papas, etc. e é possível que, quando Inácio escreve para Roma ele não fala de nenhum Bispo em Roma. Ele diz que a Igreja de Roma preside na caridade. Então ele já fala de uma presidência que Roma preside todas as outras Igrejas. Nós estamos em 107!
Agora, é possível e provável que ele não fala de Bispo em Roma, é possível e provável que tivesse sede vacante, entendeu? Que estivesse vacante a cadeira de São Pedro lá em Roma, por que? Por causa das perseguições, etc.

Os primeiros Papas em sua grande maioria foram todos mártires, não é? Todos morreram. Então ser eleito Papa naquela época era quase certeza e garantia de morte por martírio. Não era fácil não, não era um cargo honrado humanamente falando. Era um cargo do ponto de vista humano pesado. Por ser eleito Papa era ser perseguido pelo Imperador, porque é evidente, o sujeito é Bispo onde? Na capital do Império! O Imperador quer acabar com o Cristianismo, qual é o primeiro Bispo que ele vai perseguir? É o Bispo da casa dele, não é? O que está na casa dele! Então ser eleito Papa era garantia de martírio! Ser eleito Bispo de Roma era complicado!
Mas Inácio já diz que a Igreja de Roma ‘preside na caridade’. Então já ali a gente vê, vejam, uma organização da Igreja ao redor dos Bispos e ao redor da Igreja de Roma. Entenderam?
Então cada Igreja local ao redor de seu Bispo e as várias Igrejas, ou seja, quando eu uso a palavra Igreja aqui no plural esta palavra significa diocese, tá? Entendeu?
Quando eu digo ‘as várias Igrejas’ eu não estou falando da Igreja Luterana, da Igreja Episcopal, da Igreja Batista. Eu estou falando das dioceses, não sei se dá para entender esse vocabulário? Quando a gente diz Igreja no plural nós estamos falando das dioceses.

Então a Igreja de Cuiabá, a Igreja de Rondonópolis, a Igreja de Brasília, a Igreja de São Paulo, a Igreja do Rio é a mesma Igreja Católica, a única Igreja Católica!

Agora se eu digo: as Igrejas do Brasil na linguagem Católica, eu estou falando das dioceses brasileiras. Entendem?
Então Santo Inácio de Antioquia ele escreve às Igrejas que se reúnem ao redor de seu Bispo e quem preside as Igrejas é uma Igreja: a Igreja de Roma.

Minhas senhoras e meus senhores: bem-vindos à Igreja Católica!
Vejam a beleza de estudar a história da Igreja!
E estudar a partir das fontes primárias! A partir dos documentos históricos! Eu não estou lendo para vocês um manual que alguém escreveu dois mil anos depois! Eu estou lendo a Carta do próprio Santo Inácio escritas em 107, 110, por aí!

Depois Inácio foi martirizado em Roma, não é (nós não temos um relato contemporâneo e direto do martírio dele, só relatos posteriores mas nós sabemos que ele morreu em Roma). Sabemos também que Santo Inácio era um Santo muito popular! Havia uma verdadeira devoção, tanto que Eusébio de Cesaréia, como nós lemos, não é, dizia que ele foi aclamado pelas multidões, ou seja, ainda hoje ele era aclamado pelas multidões (hoje quer dizer quando? No século IV). Santo Inácio morre martirizado no início do século II, dois séculos depois Eusébio de Cesaréia está dizendo que ele era aclamado pelas multidões! Que era muito admirado!

Também aí nós vemos a Igreja Católica, não é? Essa veneração pelos mártires, veneração pela santidade das pessoas. Gente, a Igreja Católica nasceu tendo Santos! Venerando Santos! Não foi o paganismo que introduziu a veneração aos Santos mas foi exatamente uma Igreja que sabia do valor do martírio e que, sobretudo, tinha a mesma fé que São Paulo tinha! Ou seja, São Paulo quando ele perseguia os Cristãos, ele teve aquela experiência. Jesus dizia: “Paulo, por que me persegues”. Uai, mas eu não estou perseguindo Jesus, Jesus não está aqui? Não, mas você está perseguindo quem? Os Cristãos! Você perseguiu os Cristãos? Você está perseguindo Jesus lá no Céu! Perseguiu Cristão aqui na Terra, perseguiu a Igreja aqui na Terra? Você está perseguindo Deus!
Essa é a nossa fé!
Então, quando nós veneramos os membros do Corpo de Cristo, ou seja, os Santos, essa veneração é também para Cristo!

Eu não entendo por que é que os evangélicos/protestantes tem essa birra de que nós não podemos venerar! Essas pessoas da Igreja já nasciam venerando esse povo! A Igreja nasceu venerando os Santos! Se quando você persegue um Cristão e um mártir e você mata o mártir, você tá matando Cristo, por que é que quando você honra um mártir você tá cometendo idolatria? Entendeu o problema?

Que aí tem alguma coisa que não está batendo?
A Igreja já nasceu venerando essas pessoas Santas!
Então a Igreja Católica na época dos Padres Apostólicos já começou a transmitir a verdade da fé não baseada só na escritura – porque não dava prá basear só nas escrituras. As escrituras eram importantes, sempre foram importantes! Os Evangelhos sempre foram lidos, as Cartas de Paulo sempre foram lidas, sempre foi venerada a revelação de Deus através das Sagradas Escrituras. Mas não havia clareza sobre os livros ainda!

Portanto essa clareza ela foi sendo adquirida a partir do que? Da fidelidade aos Bispos! E a sinfonia dos Bispos, entendeu? Os Bispos todos unidos que confirmam a fé dos irmãos e nos dão toda essa garantia de que nós estamos na única Igreja de Cristo!

Então prestem atenção que aqui é importante pois depois na prática a gente saber isso. Não é que um Bispo ‘falou que a água parou’. É o seguinte: o Bispo é sim o representante de Cristo onde quem está com o Bispo está com o Cristo, desde que o Bispo esteja unido a Igreja! Se for um Bispo herege, meu irmãozinho, tchau, tchau. Entendeu? Não vou te obedecer não! Vocês estão entendendo isso aqui, não é?
E depois não tem essa Igreja – deu prá você notar – essa Igreja paz e amor bixo, não é? “Ah, nós somos da paz, nós não vamos condenar ninguém!” A Igreja já nasceu condenando a heresia! Olha a insistência de Santo Inácio pros Bispos: “olha aqui meu filho, você é Bispo prá agüentar paulada! Não fica intimidado pelos hereges não, porque eles são uns fie-da-mãe! Cê tai prá confirmar a fé dos irmãos então não fique intimidado!”
A Igreja já nasceu lutando contra a heresia!
Então vejam a preocupação da Igreja Sub-Apostólica! A fidelidade ao redor dos Bispos, a unidade ao redor da Eucaristia do Bispo no combate às heresias e as falsas doutrinas! Já estava lá, na primeira geração após os Apóstolos!
A pergunta é: por que é que a Igreja se concentrou ao redor da Igreja de Roma como sendo a mãe, como sendo a Igreja maior?
Bom, a resposta é a seguinte: primeiro que a cidade de Roma era realmente a cidade principal do Império! E segundo a cidade de Roma é a cidade onde os dois grandes Apóstolos Pedro e Paulo derramaram o seu sangue.
Então foi em Roma que Pedro derramou o sangue dele.

Em Roma estavam os túmulos dos Apóstolos Pedro e Paulo.
Então isto deu uma importância, já havia uma importância normal política da cidade de Roma. E os Cristãos viram como providencial essa coisa de que Pedro - o Príncipe dos Apóstolos, o primeiro deles não é, aquele que está lá onde está Pedro, aí está a Igreja, confirma a fé dos irmãos, tu és pedra e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja – ou seja, que a pedra que é Pedro tenha sido plantada, digamos assim, pelo martírio na Igreja de Roma.
Então houve os cristãos desde cedo começaram a ver como algo providencial que na cidade principal do Império, não é, onde politicamente tudo girava ali ao redor exatamente lá foi que o primeiro dos Apóstolos São Pedro derramou o seu sangue. Portanto onde é que fica o sucessor de Pedro? Onde Pedro morreu! Onde Pedro entregou a Deus a sua vida. Então a herança fica onde a pessoa morre, não é isso? Então é lá em Roma que se identifica a sucessão de Pedro.

E assim terminamos a Idade Sub-Apostólica.
Deixo aqui uma dica que acredito ser interessante para se entender bem essa parte da história da Igreja de Cristo, de como foi formando sua estrutura através de perguntas:
1) Quem eram os Bispos?

2) Qual era a sua função?
3) Quais foram as principais razões que fizeram com que a Igreja Cristã tivesse na Igreja de Roma uma importância tão marcante?

4) Qual o significado da veneração que os primeiros Cristãos tinham por seus mártires?
5) Esta veneração foi importante para a divulgação e o crescimento do Cristianismo? De que forma?
6) Exponha sua opinião sobre o que foi visto até agora na história da Igreja de Cristo.